Quando uma viagem acaba?
Quando desfazemos as malas e tudo parece encontrar seu local?
Meu corpo ainda parece respeitar uma vida de Coimbra, às vezes deito, fecho
meus olhos, e escuto o som da Cabra a cada 15 minutos.
Acho que é a preocupação
de todo viajante em voltar pra casa e tudo parecer diferente, mas o perigo é
que tudo permanece igual, e o ambiente não reconhece sua mudança. Eu ganhei um
ar de estrangeiro (muito mais psicológico do que estético) quando voltei, mas
acontece uma cena legal em Salvador; estrangeiro ou não, a cidade sabe mostrar
seu encanto. Talvez eu não esteja tendo problemas quanto à readaptação porque a
Bahia é muito receptiva, e, deste modo, com olhar estrangeiro, a cidade ainda
parece ser mais bela.
Tenho encontrado alguns amigos e familiares e parece que estes dois anos
foram um final de semana em que passei dormindo na cama, e levantei na segunda,
só um pouco mais diferente, meio bagunçado, Frankenstein. Cada abraço quente
desse povo acolhedor é o que me diz que aqui é meu lugar. Enfim, estou em casa.
Esta semana voltei à Cruz das Almas, a cidade permanece a mesma coisa –
talvez um pouco menor, coitada, às vezes acho que Cruz diminue. Enquanto minhas
aulas não retornam, vou passar um tempinho aqui, na calmaria, rever os amigos,
cuidar da casa... Trouxe umas canetas, tintas, papéis... Vou tentar colocar em
prática os anos de Coimbra. Vai ser um tempo bom, acho que preciso.