Esta viagem para mim é uma grande navegação de conquistas e descobertas. Dentre as novidades, a viagem de avião me pareceu muito tediosa e cansativa. No meu ponto máximo aventureiro, fiquei sentado por 10 horas seguidas, esperando turbulências e possíveis quedas. E nada. A única diversão foi assistir, pela terceira vez, É Proibido Fumar.
O escuro do visor da janela deu espaço as letras de Sérgio Buarque; Raízes do Brasil, na capa a famosa tela de Tarsila. O primeiro capítulo era dedicado à herança cultural portuguesa. Engraçado, neste momento Portugal não esta como minha raiz. Portugal são galhos já carregados de frutos doces e desconhecidos.
Me perco mais uma vez no escuro da janela. Uma parte minha agora se encontra acima da Linha do Equador. O mundo é realmente oval e gira.
Lá no fundo do escuro, chamo de escuro pois não consigo distinguir se é puro preto ou azul escuro, começam a aparecer pequenas luzes, autenticas luzes europeias.
Lisboa nos esperava com um céu azul anil das 5 horas da matina, quase lilás. Pegamos um táxi até a estação de trem, quase mágica. O dia ia nascendo sobre os arcos de vidro, e as primeiras pessoas começavam a circular junto aos pombos. O letreiro me avisava: +18ºC
Vagão 32.
O trem ia em direcção ao frio.
As casas iam borrando junto as árvores na janela do trem.
Próxima estação: Coimbra B.
Chegamos em Coimbra sob uma neblina que cortava nossos rostos como lágrimas de saudade ou da pura inocência das descobertas.
A cidade ia se erguendo sobre um vale, casinhas antigas, ladeiras… Estávamos em casa. Ladeiras soteropolitanas em terras lusitanas. Brasileiros conquistando seus colonizadores...
Nenhum comentário:
Postar um comentário