sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

31 de dezembro, o último dia do quê?

31 de dezembro de 2010.

Todos ansiosos para o novo ano, tudo na cidade parece estar dormindo para romper em claro a noite.
Menos eu, que me sinto ansioso para colonizar esta cidade desconhecida.
Tudo fechado, até mesmo os museus. Não me restou muitas alternativas além de visitar praças.
Uma pesquisada na internet dos pontos turísticos de Madrid, fiquei interessado por um templo egípcio, construído em IV a.C, e que posteriormente foi doado a Espanha pelo Estado Egípcio, em agradecimentos. Mapa nas mãos, mais umas pessoas pra expedição. Logo a fúria do metro, vagões... vagões...
Chegando lá no ponto marcado, ficamos perdidos no sentido das quatro ruas , e qual que deveríamos seguir. Logo encontramos um rapaz bem disposto em ajudar, que nos acompanhou até o Templo, ainda traçou no meu mapa uma rota por mais algumas praças finalizando na Plaza Mayor. Tanta disponibilidade que até começamos a confundi-lo com um guia turístico, mas realmente não era e logo voltou à sua rotina espanhola.
Depois de um tempo admirando o Templo Debod e uma vista linda da cidade, seguimos o roteiro de nosso amigo desconhecido que nunca viríamos mais, senão por acaso (licença, Clarice rs). A Plaza de España estava tomada por uma gigantesca feira de artesanato, pouco vi mesmo da praça, além de percorrer os becos dos toldos até os famosos espanhóis Don Quixote de la Mancha e seu fiel escudeiro, Sancho.
O roteiro seguia... Palácio Real, Teatro Real, umas catedrais que não estavam nos roteiros... E a Plaza Mayor.
A Plaza Mayor estava agitada, disputas de artistas por atenção, disputa de vendedores de fantasias... E muita gente comemorando o último dia do ano. Compramos uma fantasia e voltamos para casa, o dia que começou cedo prometia acabar tarde... só no outro ano.



Templo de Debod
Um fracasso como turista. nº 1

- ô de casa, Seu faraó taí?!

Don Quixote de la Mancha e seu fiel escudeiro

Pausa pra "se achar" no mapa.

jardins do Palácio Real


Voa cavalinho, voa *_*
La Plaza Mayor
Um fracasso como turista. nº 2
Don Manoel de La Bahia e seus fiéis escudeiros


Proaganda na estação de metro. jajajajajajaja x)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Proxima estación: Arte

Mesmo sendo estrangeiro, eu nunca soube ser turista, nunca.
Nem mesmo tenho pose para ser fotografado em frente aos monumentos... sempre saio com cara de bobo, de chato, de fora do lugar.
Em Madrid, para mim, os melhores pontos turísticos estavam dentro dos museus.
Estávamos na terra de Goya, Velázquez, Picasso... E desde a chegada, sentia uma ansiedade em visitar cada exposição que via nos banners e cada museu da cidade.
Ontem havíamos passados em frente ao Museo de la Real Academia de Bellas Artes de San Francisco, e nosso roteiro de hoje começaria lá.
O Metro.
Proxima estación: Arte.
Começava assim também as primeiras tentativas de contactos em um español un poco pobre.
A Academia de Bellas Artes é em um prédio lindo, e logo na entrada: uma cópia da Vénus de Milo. Estava tão Escola de Belas Artes da UFBA, me senti em casa.
Passeando lentamente pelos corredores, chegamos ao acervo do museu... Olha lá, El Greco!
Estava eu, no século XXI, diante de uma obra tão complexa lá do XV. Tão original, um expressionista de 1600.
Um passo mais a frente, e vamos chegando diante de nomes como Rubens, Ribera... Goya, Goya de verdade!
Fachada do Museo de la Real Academia de Bellas Artes de San Francisco

A Vénus de Milo da EBA é mais charmosa.

El Greco, o pai do expressionismo.

Atrás Rubens e eu perdido no museu.

Goya *_*

Deixamos o Museo de la Real Academia de Bellas Artes de San Francisco (sic!) e seguimos em direcção ao Museo del Prado passando antes em qualquer coisa que se encontrava aberta na véspera do reveillon. Entramos em uma exposição de ilustrações mexicanas, com desenhos de Rivera, e de lá, um pequeno passeio pelo Paseo del Prado - uma preparação para o museu.
A frente do Museo del Prado estava super movimentada, depois de umas tentativas, compramos o ticket de entrada.
O primeiro salão abria-se com Adão e Eva de Dürer, no meio do salão - como uma escultura. A rodamos, e meu olho rodou sobre todo o imenso corredor que terminava em uma sala redonda cheia de portas. Seguindo, no mesmo salão obras renascentistas (Ainda lembro do O Cardeal de Rafael Sanzio, pelo seu reconhecimento, e o Cristo Morto Amparado por um Anjo de Antonello da Messina, pois gosto muito).
Uma coisa que sempre me incomodou -e que sempre achei meio "esnobe" - é o facto do argumento de alguns professores da Academia falar sobre a "aura" nas obras originais que a fotografia jamais conseguiria captar. De certo que com esta experiência, realmente senti uma grande diferença na percepção directa de cada obra, de modo que cada obra, mesmo já conhecida através dos livros, era um grande impacto para mim.
Os renascentistas foram realmente encantadores - não eram artistas, eram ilusionistas. A perspectiva linear, o efeito chiaroscuro, o panajemento... revelam uma grande sensibilidade, são surpreendentes.
No final do corredor a grande dúvida: Qual porta?! Entramos pela esquerda, em meio as grandes obras, voltando todo o corredor inicial, e depois pela direita. E depois de alguns momentos as lendas: Caravaggio e Bosch. (Antes disso tiveram grandes, grandes nomes e grandes obras (até mesmo "desconhecidas" pelo os livros) - os quais agora não me recordo em ordem, por isso não escrevo).
Não consegui me apaixonar por Caravaggio, pelo chiaroscuro, pela luz - até hoje me cobro por isso! Mas realmente não consegui captar a essencial - não sei se já estava saturado ou ansioso para ver a tela de Bosch que estava na próxima sala.
Engraçado, havia passado o natal vendo uma cópia de "O Jardim das delícias" de Bosch.
Dediquei meia hora a observar cada detalhe...
Passaram-se mais de duas horas quando percebemos que ainda estávamos no lado esquerdo do 1º andar do imenso museus. Era necessário correr um pouco.
Indo para o corredor da direita, mais uma obra de Dürer - o Auto-retrato de 1498, uma pequena tela escondida por dezenas dos visitantes do museu...
Partimos para os espanhóis: Velázquez, El Greco e Goya.
Quase 50% do Prado é dedicado as obras de Goya. Haviamos então já visto algumas obras no outro museu, mais cedo. Mas nada tão grande como o famoso O 3 de maio de 1808 em Madri e A Família Real de Carlos IV.
Depois Velázquez, sobretudo As meninas - não é dificil imaginar como Picasso "viajou" nesta obra.
Rodando mais um pouco, ainda tentamos ver uma exposição temporária de Renoir, que por sorte estava lá. Era tarde, vimos um pouco de longe.
Aí seguimos para o café do Prado e depois na lojinha. Engraçado que todo museu aqui tem uma lojinha com os mais diversos produtos (Camisas, agendas, leques, cartão-postal, canetas, canecas...) retirando detalhes das obras ou até mesmo ela inteira e por vezes até as passando, como "laço de cabelo, igual ao da menina da obra de Velázquez", "Flor tipo Monet", (esta eu vi em outro museu) "Perfume. aroma: impressionista", e tantas coisas outras que a criatividade humana cria. O grande mercado da arte.

No caminho para casa, ainda passamos em frente à uma linda Catedral (a qual não sei o nome), pela Biblioteca Nacional e por uma das entradas do Jardim Real.
Pela noite, meus outros amigos riram quando eu falei que vi tais artistas. Pelo modo de falar: "Vi Ticiano", e não " Vi a obra X de Ticiano". É que eu já nem sei mais o que é o artista e a arte...
Assim vimos Ticiano Vecellio, Pieter Bruegel, Luis de Morales, Peter Paul Rubens, Rembrandt, um pouco de Renoir e tantos artistas que ora são esquecidos pela história das artes.



Passeo del Prado, no fundo esquedor o grande Museo del Prado *_*

Em uma das entradas do Prado.

Eu ilegalmente tentei registrar As meninas, de Velázquez.

Visita surpresa de Renoir *_*

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

_Hispânia

Este e os seguintes posts serão uma tentativa de registo da minha viagem à Madrid - apoiados na minha memória, ainda fresca, já que na bagunça da viagem acabei esquecendo meu moleskine, meu caderninho de anotações, minha câmara fotográfica por palavras.
Resolvi dedicar cada post à um dia - já que foram apenas 5 dias e todos tão intensos e corridos, tentando conhecer o máximo de Madrid e o que ela tinha a oferecer-nos.
Talvez seja realmente esta minha primeira experiência estrangeira, como já dito, Portugal me deu o conforto, sobretudo da língua.
Diferente das outras viagens, então, acordei bem tarde, Coimbra estava linda, com um céu azul anil em pleno o inverno - como se arrumasse para eu sentir saudade, peguei um comboio até Porto, passaria a madrugada lá no aeroporto, esperando o voo que sairia cedinho.

aproveitei pra devorar "Clarice Lispector UMA VIDA" de Benjamin Moserm, meu presente do amigo oculto

x 29 de dezembro de 2010

Depois de toda loucura do check in, o voo foi em direcção ao sol, que ia aparecendo timidamente entre as nuvens, e lá em baixo o mosaico das luzes das cidades que ainda dormia. Um prólogo lindo da viagem.
Parece que Madrid desperta bem cedo, diferente de Coimbra. As 9 horas a cidade já estava em grande movimento. Depois de um breve descanso no hotel, pegamos um mapa e fomos a cidade.
A loucura das estações do metro, e como formigas paramos lá na Gran Vía - descemos para a Puerta del Sol, em uma rua como todo tipo de situações de uma grande cidade.
A Puerta del Sol estava linda, enfeitada com as luzes de natal, cheia de espectáculos de artistas de rua em cada parte - show de patins, música, dança, estátuas vivas...
Cada prédio, cada estátua, cada monumento ia nos levando para dentro da grande avenida... Já era noite, os cartazes de exposições, as fachadas de museus, ia formando nosso roteiro do dia seguinte.
Cansados e ansiosos com o próximo dia, chegamos à Puerta de Alcalá e fomos a estação mais próxima de volta pro Hotel.

Onde esta Wally?

Puerta del Sol e este urso indecifravél

Puerta de Alcalá

Eu e Lili na Puerta del Sol

Artistas, locos y musicos en la Puerta del Sol

sábado, 25 de dezembro de 2010

#Lusitando #5 (com o Pai Natal.)



Então é natal.
Pela primeira vez passo o natal longe da família.
«aqui já havia dito que trata-se de uma viagem das primeiras vezes»

Disseram à mim que morar um tempo aqui tornaria-me independente. Erraram. Se algo que realmente preciso agora é de boas companhias, acima de tudo, de união.
Então juntamos alguns amigos para aquecerem-se e festejar esses dias que se comemoram o fim e o nascimento, festejos inexplicavelmente tristes - pois sabemos que o início de um ciclo supõem o término de outro, pois é Natal mas não esquecemos do luto na semana que antecede a Páscoa.

Desta vez tentei editar o vídeo de uma forma cronológica, mas foi impossível.
Inicialmente a ideia dos vídeos, era de um vídeolog - com relatos. bobagem. Os vídeos ficaram como lembranças atemporais, é memória, são flashs nostálgicos.

E seguimos os rituais, da nossa forma.
O amigo-oculto louco. Eu tirei o Victor, o Victor tirou a Eli - e presenteou com o presente igual ao que ela daria para mim. Enfim, o Maurício tirou ele mesmo.
Depois, fomos a ceia na casa da Mika, com o Sheltom, Jamille e Elias.
Havia mais cedo tentado fazer um purê de batatas «pela primeira vez» para levar. Desastres culinários sempre são uma surpresa, ficou óptimo.
Foi divertido, dividimos a sala com os violões, um piano velho e mudo, a lareira, risos, uma tela do Bosch, vinhos...

E ficamos na rua pela madrugada, como uma criança (na verdade mas parecíamos mendigos hahaha) que rompe a noite a espera de ver o Pai Natal (Papai Noel como é chamado aqui), enquanto bebíamos e trocávamos segredos.

Já ia amanhecendo, na volta pra casa o motorista do táxi ainda brincou de advinha connosco.

Então foi Natal.


P.s: A música do vídeo é Bife de Natal, de uma banda portuguesa chamada Doismileoito. Tem um vídeo muito lindo desta música. :)
-

Qual a coisa, qual é ela, que quanto mais longe maior fica? :~

domingo, 19 de dezembro de 2010

13º Domingo (Horário de In(f)(v)erno)

Contar os dias pelo domingo é o jeito mais fácil de marcar o tempo.
Devido as confusões de fuso horário, meu domingo chega um pouquinho atrasado. E logo o tédio de sempre.
Cada dia que passa pareço mais fazer parte daqui, estou perdendo o encanto do desconhecido.
O Jornal chega a cada dia me trazendo uma desilusão. Entre erros de português, leio notícias de catástrofes, da crise comercial, de crimes xenofóbicos...
Mas nem por isso deixo de amar a cidade, que até então tem me acolhido tão bem.
Nas últimas semanas ocorreram várias mudanças.
Cortei meu cabelo, comprei um violão folk, mudei para o quarto de cima (se bem que isto já faz algum tempo, mas só agora estou a escrever)...
E agora, contamos com uma presença feminina em casa. Estamos chamando de: a fase rosa.
Perfume doce no corredor, bagunça disfarçada (porque mulheres sabem fazer isto), comida boa na panela...
E olha que loucura e que mundo pequeno: Ela estudou comigo na 3ª série do primário, e nunca mais nos vemos, até então. :~ Foi uma nostalgia total as primeiras semanas.

Bom, essas notícias já fazem um mês praticamente.
E só agora venho escrever pois estou de férias...
As últimas semanas foram bastantes corridas e cansativas, muitas provas e trabalhos. No geral, fui bem.
E apesar de tudo, não trago nenhuma novidade estrangeira.
No meio dessas semanas, estava escrevendo um post sobre as artes nas ruas de Coimbra - ou as pichações.
Foi algo que me chamou bastante atenção, desde os primeiros dias. Por toda cidade há pichado frases de feito, simples, pouco carácter de protesto, sempre voltado à mensagens de amor...

( Não é o melhor exemplo, mas esta é a única que encontrei agora no pc, sobretudo pq gosto muito desta :~)

Além disto, Elianeide ("a menina da casa dos meninos de artes") está catalogando "coisas universais", tipo; pichações com erros gramaticais, vandalismo, cocô na rua... e quando tiver uma grande lista, posto aqui ;)

Agora vou aproveitar as longas férias de inverno, se a chuva deixar eu sair de casa, e creio que terei mais folhas no meu diário de bordo.
Afinal, Portugal é muito GIROOO *_* (bué giro, yah *_*)

Até breve.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

«Notícias do Brasil»

um email dactilografado, em forma de pergaminho, em uma garrafa velha, vindo do mar, do outro lado do oceano...

-

Querido "Dono" Manuel, as coisas aqui na República Brasileira estão demasiadamente monótonas, desde a partida dos senhores manoelitos as suas esplêndidas benfeitorias foram-nos tiradas, arrancadas do nosso esplêndido convívio. È, doravante... As idígenas Kukilícian e Thaipestícian se seguem suas rotinas ebísticas sem muito contato com a civilização domesticada, realmente são duas selvagens! hahahahaha... tentei a catequização, realmente elas não são doutrináveis, graças ao nosso bom Deus (nosso Senhor do Bonfiiiiiiiiim). Lembro constantimente dos manoéis em especial vossa senhoria Dono Manuel 853º, que em minhas recordações beijava a todos inclusive seu Chico* ... saudades de nossos encontros nas quintas, nossos devaneios e nossas degustações de vinhos, sorvete derretido e batida de morango higiênico (não se trata de sobrenome do fruto e sim de condição oposta à realidade). Sigo com meus sonhos, projetos e os vinhos ... todos apurando, esperando anciosamenta e volta dos manoelitos e a grande chegada do nosso "Dono Manuel 853º"


Saudosamente Péra, mas, caminha* ......................... amo.........♥



*datilografia do século XXI, Maria Matilde Santos.