sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

31 de dezembro, o último dia do quê?

31 de dezembro de 2010.

Todos ansiosos para o novo ano, tudo na cidade parece estar dormindo para romper em claro a noite.
Menos eu, que me sinto ansioso para colonizar esta cidade desconhecida.
Tudo fechado, até mesmo os museus. Não me restou muitas alternativas além de visitar praças.
Uma pesquisada na internet dos pontos turísticos de Madrid, fiquei interessado por um templo egípcio, construído em IV a.C, e que posteriormente foi doado a Espanha pelo Estado Egípcio, em agradecimentos. Mapa nas mãos, mais umas pessoas pra expedição. Logo a fúria do metro, vagões... vagões...
Chegando lá no ponto marcado, ficamos perdidos no sentido das quatro ruas , e qual que deveríamos seguir. Logo encontramos um rapaz bem disposto em ajudar, que nos acompanhou até o Templo, ainda traçou no meu mapa uma rota por mais algumas praças finalizando na Plaza Mayor. Tanta disponibilidade que até começamos a confundi-lo com um guia turístico, mas realmente não era e logo voltou à sua rotina espanhola.
Depois de um tempo admirando o Templo Debod e uma vista linda da cidade, seguimos o roteiro de nosso amigo desconhecido que nunca viríamos mais, senão por acaso (licença, Clarice rs). A Plaza de España estava tomada por uma gigantesca feira de artesanato, pouco vi mesmo da praça, além de percorrer os becos dos toldos até os famosos espanhóis Don Quixote de la Mancha e seu fiel escudeiro, Sancho.
O roteiro seguia... Palácio Real, Teatro Real, umas catedrais que não estavam nos roteiros... E a Plaza Mayor.
A Plaza Mayor estava agitada, disputas de artistas por atenção, disputa de vendedores de fantasias... E muita gente comemorando o último dia do ano. Compramos uma fantasia e voltamos para casa, o dia que começou cedo prometia acabar tarde... só no outro ano.



Templo de Debod
Um fracasso como turista. nº 1

- ô de casa, Seu faraó taí?!

Don Quixote de la Mancha e seu fiel escudeiro

Pausa pra "se achar" no mapa.

jardins do Palácio Real


Voa cavalinho, voa *_*
La Plaza Mayor
Um fracasso como turista. nº 2
Don Manoel de La Bahia e seus fiéis escudeiros


Proaganda na estação de metro. jajajajajajaja x)

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Proxima estación: Arte

Mesmo sendo estrangeiro, eu nunca soube ser turista, nunca.
Nem mesmo tenho pose para ser fotografado em frente aos monumentos... sempre saio com cara de bobo, de chato, de fora do lugar.
Em Madrid, para mim, os melhores pontos turísticos estavam dentro dos museus.
Estávamos na terra de Goya, Velázquez, Picasso... E desde a chegada, sentia uma ansiedade em visitar cada exposição que via nos banners e cada museu da cidade.
Ontem havíamos passados em frente ao Museo de la Real Academia de Bellas Artes de San Francisco, e nosso roteiro de hoje começaria lá.
O Metro.
Proxima estación: Arte.
Começava assim também as primeiras tentativas de contactos em um español un poco pobre.
A Academia de Bellas Artes é em um prédio lindo, e logo na entrada: uma cópia da Vénus de Milo. Estava tão Escola de Belas Artes da UFBA, me senti em casa.
Passeando lentamente pelos corredores, chegamos ao acervo do museu... Olha lá, El Greco!
Estava eu, no século XXI, diante de uma obra tão complexa lá do XV. Tão original, um expressionista de 1600.
Um passo mais a frente, e vamos chegando diante de nomes como Rubens, Ribera... Goya, Goya de verdade!
Fachada do Museo de la Real Academia de Bellas Artes de San Francisco

A Vénus de Milo da EBA é mais charmosa.

El Greco, o pai do expressionismo.

Atrás Rubens e eu perdido no museu.

Goya *_*

Deixamos o Museo de la Real Academia de Bellas Artes de San Francisco (sic!) e seguimos em direcção ao Museo del Prado passando antes em qualquer coisa que se encontrava aberta na véspera do reveillon. Entramos em uma exposição de ilustrações mexicanas, com desenhos de Rivera, e de lá, um pequeno passeio pelo Paseo del Prado - uma preparação para o museu.
A frente do Museo del Prado estava super movimentada, depois de umas tentativas, compramos o ticket de entrada.
O primeiro salão abria-se com Adão e Eva de Dürer, no meio do salão - como uma escultura. A rodamos, e meu olho rodou sobre todo o imenso corredor que terminava em uma sala redonda cheia de portas. Seguindo, no mesmo salão obras renascentistas (Ainda lembro do O Cardeal de Rafael Sanzio, pelo seu reconhecimento, e o Cristo Morto Amparado por um Anjo de Antonello da Messina, pois gosto muito).
Uma coisa que sempre me incomodou -e que sempre achei meio "esnobe" - é o facto do argumento de alguns professores da Academia falar sobre a "aura" nas obras originais que a fotografia jamais conseguiria captar. De certo que com esta experiência, realmente senti uma grande diferença na percepção directa de cada obra, de modo que cada obra, mesmo já conhecida através dos livros, era um grande impacto para mim.
Os renascentistas foram realmente encantadores - não eram artistas, eram ilusionistas. A perspectiva linear, o efeito chiaroscuro, o panajemento... revelam uma grande sensibilidade, são surpreendentes.
No final do corredor a grande dúvida: Qual porta?! Entramos pela esquerda, em meio as grandes obras, voltando todo o corredor inicial, e depois pela direita. E depois de alguns momentos as lendas: Caravaggio e Bosch. (Antes disso tiveram grandes, grandes nomes e grandes obras (até mesmo "desconhecidas" pelo os livros) - os quais agora não me recordo em ordem, por isso não escrevo).
Não consegui me apaixonar por Caravaggio, pelo chiaroscuro, pela luz - até hoje me cobro por isso! Mas realmente não consegui captar a essencial - não sei se já estava saturado ou ansioso para ver a tela de Bosch que estava na próxima sala.
Engraçado, havia passado o natal vendo uma cópia de "O Jardim das delícias" de Bosch.
Dediquei meia hora a observar cada detalhe...
Passaram-se mais de duas horas quando percebemos que ainda estávamos no lado esquerdo do 1º andar do imenso museus. Era necessário correr um pouco.
Indo para o corredor da direita, mais uma obra de Dürer - o Auto-retrato de 1498, uma pequena tela escondida por dezenas dos visitantes do museu...
Partimos para os espanhóis: Velázquez, El Greco e Goya.
Quase 50% do Prado é dedicado as obras de Goya. Haviamos então já visto algumas obras no outro museu, mais cedo. Mas nada tão grande como o famoso O 3 de maio de 1808 em Madri e A Família Real de Carlos IV.
Depois Velázquez, sobretudo As meninas - não é dificil imaginar como Picasso "viajou" nesta obra.
Rodando mais um pouco, ainda tentamos ver uma exposição temporária de Renoir, que por sorte estava lá. Era tarde, vimos um pouco de longe.
Aí seguimos para o café do Prado e depois na lojinha. Engraçado que todo museu aqui tem uma lojinha com os mais diversos produtos (Camisas, agendas, leques, cartão-postal, canetas, canecas...) retirando detalhes das obras ou até mesmo ela inteira e por vezes até as passando, como "laço de cabelo, igual ao da menina da obra de Velázquez", "Flor tipo Monet", (esta eu vi em outro museu) "Perfume. aroma: impressionista", e tantas coisas outras que a criatividade humana cria. O grande mercado da arte.

No caminho para casa, ainda passamos em frente à uma linda Catedral (a qual não sei o nome), pela Biblioteca Nacional e por uma das entradas do Jardim Real.
Pela noite, meus outros amigos riram quando eu falei que vi tais artistas. Pelo modo de falar: "Vi Ticiano", e não " Vi a obra X de Ticiano". É que eu já nem sei mais o que é o artista e a arte...
Assim vimos Ticiano Vecellio, Pieter Bruegel, Luis de Morales, Peter Paul Rubens, Rembrandt, um pouco de Renoir e tantos artistas que ora são esquecidos pela história das artes.



Passeo del Prado, no fundo esquedor o grande Museo del Prado *_*

Em uma das entradas do Prado.

Eu ilegalmente tentei registrar As meninas, de Velázquez.

Visita surpresa de Renoir *_*

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

_Hispânia

Este e os seguintes posts serão uma tentativa de registo da minha viagem à Madrid - apoiados na minha memória, ainda fresca, já que na bagunça da viagem acabei esquecendo meu moleskine, meu caderninho de anotações, minha câmara fotográfica por palavras.
Resolvi dedicar cada post à um dia - já que foram apenas 5 dias e todos tão intensos e corridos, tentando conhecer o máximo de Madrid e o que ela tinha a oferecer-nos.
Talvez seja realmente esta minha primeira experiência estrangeira, como já dito, Portugal me deu o conforto, sobretudo da língua.
Diferente das outras viagens, então, acordei bem tarde, Coimbra estava linda, com um céu azul anil em pleno o inverno - como se arrumasse para eu sentir saudade, peguei um comboio até Porto, passaria a madrugada lá no aeroporto, esperando o voo que sairia cedinho.

aproveitei pra devorar "Clarice Lispector UMA VIDA" de Benjamin Moserm, meu presente do amigo oculto

x 29 de dezembro de 2010

Depois de toda loucura do check in, o voo foi em direcção ao sol, que ia aparecendo timidamente entre as nuvens, e lá em baixo o mosaico das luzes das cidades que ainda dormia. Um prólogo lindo da viagem.
Parece que Madrid desperta bem cedo, diferente de Coimbra. As 9 horas a cidade já estava em grande movimento. Depois de um breve descanso no hotel, pegamos um mapa e fomos a cidade.
A loucura das estações do metro, e como formigas paramos lá na Gran Vía - descemos para a Puerta del Sol, em uma rua como todo tipo de situações de uma grande cidade.
A Puerta del Sol estava linda, enfeitada com as luzes de natal, cheia de espectáculos de artistas de rua em cada parte - show de patins, música, dança, estátuas vivas...
Cada prédio, cada estátua, cada monumento ia nos levando para dentro da grande avenida... Já era noite, os cartazes de exposições, as fachadas de museus, ia formando nosso roteiro do dia seguinte.
Cansados e ansiosos com o próximo dia, chegamos à Puerta de Alcalá e fomos a estação mais próxima de volta pro Hotel.

Onde esta Wally?

Puerta del Sol e este urso indecifravél

Puerta de Alcalá

Eu e Lili na Puerta del Sol

Artistas, locos y musicos en la Puerta del Sol

sábado, 25 de dezembro de 2010

#Lusitando #5 (com o Pai Natal.)



Então é natal.
Pela primeira vez passo o natal longe da família.
«aqui já havia dito que trata-se de uma viagem das primeiras vezes»

Disseram à mim que morar um tempo aqui tornaria-me independente. Erraram. Se algo que realmente preciso agora é de boas companhias, acima de tudo, de união.
Então juntamos alguns amigos para aquecerem-se e festejar esses dias que se comemoram o fim e o nascimento, festejos inexplicavelmente tristes - pois sabemos que o início de um ciclo supõem o término de outro, pois é Natal mas não esquecemos do luto na semana que antecede a Páscoa.

Desta vez tentei editar o vídeo de uma forma cronológica, mas foi impossível.
Inicialmente a ideia dos vídeos, era de um vídeolog - com relatos. bobagem. Os vídeos ficaram como lembranças atemporais, é memória, são flashs nostálgicos.

E seguimos os rituais, da nossa forma.
O amigo-oculto louco. Eu tirei o Victor, o Victor tirou a Eli - e presenteou com o presente igual ao que ela daria para mim. Enfim, o Maurício tirou ele mesmo.
Depois, fomos a ceia na casa da Mika, com o Sheltom, Jamille e Elias.
Havia mais cedo tentado fazer um purê de batatas «pela primeira vez» para levar. Desastres culinários sempre são uma surpresa, ficou óptimo.
Foi divertido, dividimos a sala com os violões, um piano velho e mudo, a lareira, risos, uma tela do Bosch, vinhos...

E ficamos na rua pela madrugada, como uma criança (na verdade mas parecíamos mendigos hahaha) que rompe a noite a espera de ver o Pai Natal (Papai Noel como é chamado aqui), enquanto bebíamos e trocávamos segredos.

Já ia amanhecendo, na volta pra casa o motorista do táxi ainda brincou de advinha connosco.

Então foi Natal.


P.s: A música do vídeo é Bife de Natal, de uma banda portuguesa chamada Doismileoito. Tem um vídeo muito lindo desta música. :)
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Qual a coisa, qual é ela, que quanto mais longe maior fica? :~

domingo, 19 de dezembro de 2010

13º Domingo (Horário de In(f)(v)erno)

Contar os dias pelo domingo é o jeito mais fácil de marcar o tempo.
Devido as confusões de fuso horário, meu domingo chega um pouquinho atrasado. E logo o tédio de sempre.
Cada dia que passa pareço mais fazer parte daqui, estou perdendo o encanto do desconhecido.
O Jornal chega a cada dia me trazendo uma desilusão. Entre erros de português, leio notícias de catástrofes, da crise comercial, de crimes xenofóbicos...
Mas nem por isso deixo de amar a cidade, que até então tem me acolhido tão bem.
Nas últimas semanas ocorreram várias mudanças.
Cortei meu cabelo, comprei um violão folk, mudei para o quarto de cima (se bem que isto já faz algum tempo, mas só agora estou a escrever)...
E agora, contamos com uma presença feminina em casa. Estamos chamando de: a fase rosa.
Perfume doce no corredor, bagunça disfarçada (porque mulheres sabem fazer isto), comida boa na panela...
E olha que loucura e que mundo pequeno: Ela estudou comigo na 3ª série do primário, e nunca mais nos vemos, até então. :~ Foi uma nostalgia total as primeiras semanas.

Bom, essas notícias já fazem um mês praticamente.
E só agora venho escrever pois estou de férias...
As últimas semanas foram bastantes corridas e cansativas, muitas provas e trabalhos. No geral, fui bem.
E apesar de tudo, não trago nenhuma novidade estrangeira.
No meio dessas semanas, estava escrevendo um post sobre as artes nas ruas de Coimbra - ou as pichações.
Foi algo que me chamou bastante atenção, desde os primeiros dias. Por toda cidade há pichado frases de feito, simples, pouco carácter de protesto, sempre voltado à mensagens de amor...

( Não é o melhor exemplo, mas esta é a única que encontrei agora no pc, sobretudo pq gosto muito desta :~)

Além disto, Elianeide ("a menina da casa dos meninos de artes") está catalogando "coisas universais", tipo; pichações com erros gramaticais, vandalismo, cocô na rua... e quando tiver uma grande lista, posto aqui ;)

Agora vou aproveitar as longas férias de inverno, se a chuva deixar eu sair de casa, e creio que terei mais folhas no meu diário de bordo.
Afinal, Portugal é muito GIROOO *_* (bué giro, yah *_*)

Até breve.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

«Notícias do Brasil»

um email dactilografado, em forma de pergaminho, em uma garrafa velha, vindo do mar, do outro lado do oceano...

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Querido "Dono" Manuel, as coisas aqui na República Brasileira estão demasiadamente monótonas, desde a partida dos senhores manoelitos as suas esplêndidas benfeitorias foram-nos tiradas, arrancadas do nosso esplêndido convívio. È, doravante... As idígenas Kukilícian e Thaipestícian se seguem suas rotinas ebísticas sem muito contato com a civilização domesticada, realmente são duas selvagens! hahahahaha... tentei a catequização, realmente elas não são doutrináveis, graças ao nosso bom Deus (nosso Senhor do Bonfiiiiiiiiim). Lembro constantimente dos manoéis em especial vossa senhoria Dono Manuel 853º, que em minhas recordações beijava a todos inclusive seu Chico* ... saudades de nossos encontros nas quintas, nossos devaneios e nossas degustações de vinhos, sorvete derretido e batida de morango higiênico (não se trata de sobrenome do fruto e sim de condição oposta à realidade). Sigo com meus sonhos, projetos e os vinhos ... todos apurando, esperando anciosamenta e volta dos manoelitos e a grande chegada do nosso "Dono Manuel 853º"


Saudosamente Péra, mas, caminha* ......................... amo.........♥



*datilografia do século XXI, Maria Matilde Santos.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Lusitando #4

(Festa das Latas)



26 de outubro de 2010.

Não é Carnaval, mas as ruas de Coimbra estão cheias de foliões. Sem axé, sem trio eléctrico, apenas nas mãos as latas e na boca os hinos de cada curso, os estudantes vão para as ruas com suas fantasias - por vezes, como forma de protesto à alguma causa social ou da vida académica, e fazem sua festa.
A Festa das Latas é uma recepção aos caloiros, que no final do cortejo é baptizado pelo os veteranos nas águas (geladas!) do Mondego. Durante o cortejo, os caloiros são submetidos a trotes (além da fantasia), como pedir trocados (segundo alguns é uma forma simbólica de protesto contra as propinas (taxas de matrícula) exigidas pela faculdade, mas, o dinheiro é usado para comprar bebidas alcoólicas, pra mover a festa, claro!)...

27 de outubro de 2010. (Quase uma quarta-feira de cinzas)

Hoje a cidade pareceu amanhecer morta, em plena ressaca. Acabaram-se os trotes. Vou sentir falta das brincadeiras com os caloiros, da muvuca em frente a faculdade, dos gritos e corais interrompendo as aulas...
Ano que vem quero ser caloiro, vou me render ao trote só para participar do cortejo. No meio de tanta alegria, senti a falta de estar lá, de me sujar e depois banhar-me ao Mondego...

- Dá-me uma moedinha?!
- Só se tirar foto com a gente!
- Mas não vai pra o facebook, esta certo?!
- Sim, sim...

Vai pro meu blog. #fodeos haha


Obra de Rodin. U_U

Final do Cortejo. Essa água gelada acaba a cachaça de qualquer um.

E claro, fui ao cortejo fantasiado de Manuel. :)

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Lusitando #3

(Na onda Portuguesa - Aveiro / 24 de outubro)
Se a gente acostumar a gente vai ficar.
A gente tá querendo variar, e a sua praia vem bem a calhar...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Amadurecência

Excel aberto. Cêntimo por Cêntimo nos dedos.
Agora sou dono de casa, e pior, dono de mim. Comecei a me controlar em tudo.
No euro, no volume do som, na cueca* no banheiro...
Meu amigo brinca que estamos vivendo uma espécie de big brother. E de facto consiste realmente nisto. Confinamento com uma grande cultura diferente, falta de contacto com a família, saudades, descobertas, pressão psicológica... e no final um milhão de experiências.
Espero o voto de cada um para continuar aqui.
Ultimamente estive emparedado.
Mas uma coisa que estou realmente aprendendo aqui é a ter responsabilidades e saber agir rápido e consciente.
Esta semana foi muito agitada, entre algumas datas comemorativas daqui.
Tenho que ler alguns livros ainda para esta semana. A grande parte do material que temos é em outra língua - inglês ou francês. «Conhecimento UNIVERSitário... UNIVERSAL...» explica a professora. Do jeito que as aulas andam, vou aprender francês por osmose.
E é isto que eu quero. Novas experiências. Aprender uma nova língua, um novo desporto, tocar um novo instrumento...

Frum PiiIM ZumM FIIII FIIII FRIMMMMMzZ SHSsz...
Aguentem, pois ainda tenho mais ar.

-
*Cueca é uma peça da indumentária tradicionalmente masculina, usada para cobrir e proteger os órgãos sexuais. Em Portugal, no entanto, usa-se esta palavra, normalmente no plural ou diminutivo, para referir igualmente o modelo correspondente para mulheres que, no Brasil e em Moçambique, é denominado calcinha. (Wikipédia)

Meu amigo brasileiro comprou um saco de "cuecas", só em casa ele veio perceber que estava entrando na bunda demais! Hahaha.

Sempre digo que vou escrever sobre as diferenças linguísticas e não escrevo... Mas em breve eu escrevo, promessa, é que eu tambem ainda estou entendendo... vem aí uma série de micos...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Lusitando #2

domingo, 24 de outubro de 2010

5º Domingo (Na onda portuguesa)



Talvez esse seja o domingo mais agitado até então.
Acordamos cedo, a neblina ainda cobria toda a cidade, e descemos até a estação.
Nosso primeiro destino: Figueira da Foz. Mas por força do acaso - e da poesia - fomos então levados a Aveiro.
O balanço do comboio me agitou.
Era o balanço da música; Aveiro.
Há em Portugal uma beleza que eu admiro, uma beleza na simplicidade. A beleza das pequenas casas, dos rios quase sem cores, dos barcos pintados por pescadores e não por grande mestres da pintura...
Aveiro me encantou. A sincronia dos barcos. Os doces. O reflexo de tudo. A Barra.
Aveiro é música.
Os barcos na Ria. E depois o grande mar. Onde desagua todo os rios. Todos os risos...
Hey, Jude , you aren't stone bad,
take a sad song and make it better
...
For well you know that it's a fool,
who plays it cool,
by making his world a little colder.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ai! Portugal, ovos moles, Coimbra...

Um mês.
Apenas 30 dias e a saudade é imensa. Não só a saudade sentimental, começa aqui a falta biológica...

..x.x..
Ai, batatas! Não tem farinha?!

Todo estudante quando sai de casa sente a grande saudade da comida da mãe. Bom, minha mãe nunca cozinhou bem, não aquela comida tradicional brasileira, o que ela faz de melhor é o que eu encontro aqui. Não tenho saudade da comida de casa. Talvez a adaptação alimentar foi uma das tarefas mais fáceis, até gostei. Ganhei 4 kg só neste mês.
Sai do Brasil com um grande medo quanto ao cardápio português. Odeio bacalhau, ovos, sardinhas e pizza portuguesa. E como toda cultura diferente ver as outras em cima dos estereótipos, para mim, só encontraria isto por aqui. Mito.
Toda refeição aqui ocorre com uma entrada (caldos/sopas e pães), o prato principal (batata, arroz, acompanhadas, em geral, de carne suína - carne bovina aqui é luxo - e, poucas vezes peixe), e uma sobremesa (ai sim, puro ovos moles! Doces feito com ovos, eca ! - pela primeira vez a sobremesa não é o que mais me agrada) .
Contudo, uma adaptação à refeição não só implica no cardápio. O modo de se sentar e comportar na mesa, a quantidade da comida, os talheres... são diferentes, e , de qualquer modo, devo me adaptar à eles...

Uma maneira de matar a saudade da comida brasileira é cozinha-la. Eu e meus amigos estamos nos dedicando os finais de semana à culinária - e não somos nada bons. Mas, até mesmo cozinhar aqui é diferente... os legumes, os produtos alimentícios todos tem um gosto e textura diferente, e, como dito em outro post, as classificações que eles fazem também são diferentes, por exemplo, aqui o leite é dividido em "Magro", "Meio Gordo" e "Gordo".
Primeira semana eu comprei o "magro", daqui há uns dias vou tá no "meio gordo"... volto pro Brasil bebendo o "gordo", hahaha. Ai, Portugal....



domingo, 17 de outubro de 2010

Uma visão estrangeira.


Parece que quem tá de fora do xadrez acaba tendo uma melhor visão do jogo.
Ultimamente, tenho visto Brasil daqui de cima, a partir das ideias de outra cultura - uma visão estrangeira da terra natal.
No dia das eleições entrei no twitter e fui surpreendido com os Trending Topics, #ManchaVerde e #Marina. Depois, como já previsto, nada aconteceu.
É uma pena que as novas revoluções brasileira só acontecem na Internet - os #ForasFulanos, #FicaCiclanos. Nada mais sai do papel. Queremos mudar o mundo transformando as ideias em tags e não em acção.
O que me conforta é que ainda há a vontade de mudar, o espírito revolucionário brasileiro esta vivo.
A visão politica de alguns portugueses sobre o Brasil é das melhores, conversando com um deles, ele concluiu que o Brasil era mais justo, livre... É realmente uma visão poética do país do carnaval. Não vejo justiça e liberdade enquanto existe grande parte da população passando fome e sem direito à educação, e outra parcela fazendo #tags para isto mudar.
As cicatrizes de uma colonização perversa.(?)
De outro lado, culturalmente, parece que o Brasil colonizou Portugal. Nas lojas de discos, de livros e roupas, o Brasil leva uma sessão especial. Os artistas brasileiros são super valorizados, e, no sistema capitalista, que move o mundo, isso aparece nos valores monetários dos produtos brasileiros... O cd de Caetano é o mais caro do estoque, e fica lá, na secção "Musicas brasileiras" que ocupa duas prateleiras de toda a loja...



"E vamos embarcar de novo / Nas novas caravelas /Vamos dominar o mundo/ Só que de um modo mais belo."
(Portuga - Cazuza)

domingo, 10 de outubro de 2010

Lusitando #1



What do I do when my love is away? / (does it worry you to be alone?) / How do I feel by the end of the day? / (are you sad because you’re on your own?)

No, I get by with a little help from my friends.

Aeminium

A proposta do blog, é mais que um registro, é compartilhar todas minhas aventuras nesta terra desconhecida.
Contudo, no meio das grandes novidades, fica apertado e difícil, por vezes, escrever aqui.
Esta semana, depois de uma aula extra de História das Artes, que abordava a história de Coimbra, eu sai pela cidade com um novo olhar... um olhar de historiador... Cada pedra aqui tem uma história milenar para contar. Pisamos, literalmente, em pura história. E algumas dessas histórias estão sendo descobertas agora... Fiquei apaixonado pelo mosteiro de Santa Clara-a-Velha, uma construção do século XIII, que foi engolida ao longo dos anos pelo Rio Mondego, e só há menos de 20 anos vem sido preservada e valorizada. Lá é mágico e sobrenatural, parece que a qualquer momento uma freira vai passar pelas ruínas do corredor assobiando um dos seus cânticos.
Assim também como o Museu Machado de Castro, que em seu subsolo, tem uma construção de aproximadamente do século IV, ainda quando aqui era uma cidade do Império Romano - Aeminium.
E mais que história, pura arte.
Por volta das 19 horas, o sol parece reacender toda a história da cidade. Tudo fica em tons de sépia.


Da minha janela: Aeminium, século IV d.C ás 19 horas

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Então aqui é a Europa?

Como todo sul-americano, ou do âmbito artístico, eu tenho uma visão muito poética sobre a Europa.
Bom, conheço apenas um pontinho da grandeza deste continente. Contudo, dedico este post às minhas decepções...
A minha primeira e grande decepção foi o vinho português... Talvez não tenha um paladar apurado para apreciar esses vinhos, mas fiquei indignado... eles só vendem vinho seco... não existe a classificação de "suave"...
Nesta mesma área, o tradicional pão dos padeiros portugueses parecem chicletes... e a pizza leva a mesma massa...
Não ter lixo no chão é um mito. Do outro lado do rio Mondego as ruas são sujas e tem sempre cocô de cachorro na calçada...
E, o que pode ser observado com um ponto positivo, mas não para mim, é a inocência, mentalidade quase medieval (quando se trata de religião) e conservadora dos portugueses...

Bom, na verdade o ar superior da Europa sempre vai ser uma realidade. Me atrevo a falar mal para mostrar que ainda sou brasileiro... que como, bebo, depois cuspo no prato.

Do alto, cuspindo nos europeus... rá!

domingo, 3 de outubro de 2010

Segundo Domingo

abro a janela, e o filme começa a rodar...


Ontem foi o show do U2 aqui, e estávamos a acompanhar toda a movimentação.
Coimbra, por mais desenvolvida que seja, é uma cidade do interior. E um evento deste movimentou toda a cidade.
Era sábado, mas com cara da visão poética de um domingo. O domingo real só acontece no sábado... Sol, Caminhada no Parque, Crianças correndo...
Aproveitamos todo embalo e caímos na rua. Uma volta por toda a cidade, ou melhor, pela parte marginal da cidade.
A parte suja da cidade é que me interessa, fora dos cartões postais, entre vielas e os limites da cidade. Nesta expedição, atravessamos as três pontes que cortam o rio Mondego, descobrimos animais desconhecidos... Ao anoitecer seguimos toda a cidade até o concerto do U2...
Agitados, voltamos para casa e dormimos tarde demais... Horas tocando músicas com cara do Brasil - ou com cara de quem ficou por lá.
A saudade veio como chuva na manhã de domingo.
Era a primeira vez, depois de nossa chegada, que chovia realmente em Coimbra.
Abri a janela, a rua estreita era protegida pelos casarões antigos, a chuva batia nos telhados vermelhos e escorria pela ladeira. Pura Poesia.

Lar


Estamos já há alguns dias em Coimbra, e, talvez pelas semelhanças arquitectónicas da cidade e pelo clima, parece que estamos em uma cidade do interior da Bahia.
Contudo, no plano social, económico e cultural, Portugal e Brasil não só estão separados pelo oceano Atlântico, são anos de desenvolvimentos que separam as duas nações.
Encontramos o conforto de chegar no outono, na língua mãe, na terra madrasta. E, diferente do que haviam informados, os portugueses foram bem receptivos - na ponta da língua, um português impecável, com conjugações corretas, advérbios e virgulas, para dar informações, que, por hora, as palavras confundiam-se em meus ouvidos, e eu me pedia na metade das frases. Não falo português. Falo baianês, meu rei.
Na primeira semana já tinha ARRENDADO UM APARTADO MOBILADO, com mais cinco amigos,e mais uma semelhança brasileira... a movimentação na casa, as malas e livros pelo chão, remeteu à minhas férias na ilha, com toda família.
Talvez tudo isto explique os inumeroso dejavus que eu tive, ou seja apenas muitos filmes europeus...
Coimbra é uma cidade totalmente aberta, não existe uma população nativa grande, são inúmeros estudantes estrangeiros, que, como eu, escalam as ladeiras até a Universidade. Existem vários brasileiros na mesma embrenhada por aqui, e apesar de não existir um estereótipo brasileiro (já que ninguém sai na rua vestido de capoeirista ou fantasiados para escola de samba), é muito fácil distinguir um brasileiro, não só pelo sotaque...

E então, fico com o pulmão aberto ao ar europeu.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Olimpo


Diariamente somos surpreendidos no pátio da faculdade por uma massa de turistas entretidos com suas câmaras. Curiosamente, a Universidade de Coimbra também é um dos pontos turísticos da cidade… E não só ela... a lente das câmaras estrangeiras estão sempre voltadas para os estudantes, os veteranos, que vestem uma farda preta chamado de Toga, o que me lembra Harry Potter, e desfilam pela cidade pregando praxe nos caloiros.
Meus olhos também estão direccionados para lá.
A Universidade é um grande compartimento, de estilo Clássico, que guarda todo o conhecimento do mundo. É incrível, existem arquivos raros e únicos espalhados pelas grandes estantes das inúmeras salas. As aulas são mágicas, e num piscar de olhos perco inúmeras informações. Estou sempre de olhos abertos, vidrados... nos livros, nas enciclopédias ambulantes, os grandes mestres...
Parece acontecer por aqui uma espécie de Renascimento Pós-Moderno, umas massa intelectual que compartilham conhecimentos secretos. Na aula de História da Fotografia, uma das quais mais me encanta, descobri que teremos acesso à originais obras do inicio da fotografia.... Daguerreotipos, câmaras escuras, caderno de anotações... Existem conteúdos que só tem acesso aqui.

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